24 de mar. de 2012

A Velha Vontade de Morrer (Jurandir Bozo)




Hoje me veio àquela velha vontade de morrer
Dias longos e quentes onde os olhos se predem
E o choro feito azia entala no estomago
O resto é a mais pura representação da chatice
A não funcionalidade das coisas
O telefone que não toca
A TV reprisando um jogo sem gols
A merda de vida que vivo
E todos os clichês ainda me amarram aqui
Ao mesmo ciclo de perguntas sem respostas
Assim pronto ao nível dois da introspecção
A solidão se quer me permite a piedade de alguém
Quem mais sabe de minha existência alem de mim
E na cama meu deserto se agiganta
Perdido nos medos que sempre protelei
E ainda assim não consigo chorar
Espaços vazios e eternas contradições
Os defeitos que ainda não venci
Os defeitos que não vou vencer
Talvez isso seja a conformidade do enfermo
Aceitação da força do vicio sobre o viciado
E quem nunca se sentiu assim
Derrotado
Que me julguem os vencedores
Com eles já estou acostumado
Olhos acusadores e gestos que apontam
Todos os protocolos que não consigo cumprir
Padrões de patrões da ordem das coisas
Profetas e poetas do amor e da piedade humana
Pastores da guarda real do mais divino valor
Aos bem feitores dessa nova ordem
Meus mais sinceros pêsames
Por essa imagem de Deus assim como eu
Hoje também fracassou
Só em voltar a sentir
Aquela velha vontade de morrer


Um comentário:

Anônimo disse...

exatamente como me sinto agora